terça-feira, 6 de março de 2007

Sábado 2:50 AM


Sábado, 02:50 AM coloco os pés em casa.
O ranger no abrir da porta ecoa no corredor,  contudo acredito não ter interrompido o sono de ninguém (será que alguém faz amor a essa hora da madrugada?) Venho de uma noite diferente e não que eu esteja bem, não, não estou estou, aliás estou em péssimo estado. A diferença está no fato que desta vez não quis encontrar os antigos e costumeiros amigos de bar pra uma noite de bebedeira.

Foi diferente porque foi solitário e eu encontrei um bar próximo de casa e me parecendo interessante (principalmente ao estar vazio) achei por bem entrar. O atendente abriu um dos conjuntos "mesa-cadeiras" desses que são oferecidos pelas cervejarias e então pedi uma caipirinha de vódka e a primeira breja da noite. Um pouco mais tempo e outras duas garrafas e o local começou receber a sua gente habitual, garotos beirando os 25, notívagos e beberrões. Sentado num canto eu podia notar suas alegrias, suas vozes altas e expressões espalhafatosas.Eram garotos cabacanas que falavam de tudo, desde mulheres à futebol. E eu os achava irreverentes, e eles a todo momento me faziam participar da conversa, mesmo que nem soubesse ao certo que estavam falando. Aliás, são momentos mágicos, pois além de geralmente sobrarem sorrisos, pinta numa hora ou outra um copo extra de cerveja. E assim naquelas quatro horas que estive ali e sem saber ao certo no que e o que pensar, só me permiti acenar com cabeça e assentir com os comentário que fizeram.

Não bebi rápido. Quando você bebe rápido demais é porque é necessário terminar logo com aquilo, com as angústia que te acompanham ou os  momentos que exacerba em felicidade. No meu caso aquele momento não foi de um bem de outro. Então fiquei ali, quieto e sorvendo copos, sem pressa, sem me preocupar com a morte, o plano de saúde ou com as compras da quinzena num supermercado mais próximo.

Por volta da uma e meia da manhã  eu já tava bem tocado e ido diversas vezes no banheiro, inclusive na última vomitado parte das cervejas.  É engraçado e  muito comum de acontecer de novas pessoas ocuparem os lugares daqueles que se foram enquanto você esteve no toalete. Por vezes nos ficamos chateados por naõ termos despedido  dos caras legais sem ao menos um aceno de cabeça. Porém os caras que sentaram na mesa pareciam legais e pedi mais uma cerveja e a derradeira caipirinha.

Olhei para o relógio e ele apontava pras duas e vinte da manhã, então pedi a última cerveja, a saideira que gentilmente me foi oferecida gratuita pelo proprietário do estabelecimento.
Após,  paguei a conta e alcancei a rua, e aí sim pude ter a certeza que estava bêbado. E fiquei pensando no quanto a bebida é esperta e te pega desprevenido (todo bebum gosta de acreditar nisso) Também é muito corriqueiro nesses momentos você flagra-se num "auto-sermão" do tipo -Foda-se seu filho da puta! você não quis encher o rabo?-

Foi exatamente o que me perguntei ao continuar trôpego e invadido pelo gélido ar e aroma da madruga. Eu voltava para algum lugar, um retorno difícil e ébrio ao ganhar os oito degraus da escadaria de entrada do meu prédio enquanto o porteiro discretamente abria aporta que dá aceso ao saguão. Ele sempre me pareceu um funcionário cortês, além de dedicado, e o foi mais uma vez.

- Boa noite, seu Edu! - Claro, ele percebeu que eu estava bêbado.

- Boa noite, José! - Respondi numa fala mole.

Depois esbarrando nas pernas chamei o elevador que, em menos de um minuto estacionou no térreo,
Antes de entrar na gabine virei o corpo e José me olhava atentamente. Pego em flagrante ele desviou rapidamente o seu olhar e eu subi.
Saindo em meu andar o sensor eletrônico faz a uma luz de 60w se acender. É um corredor em granito num tonalidade bege e as paredes porosas num tom goiba. Antes de entrar no apartamento olho pelo vitrô do corredor e os faróis dos muitos carros que dão a certeza que  a esta cidade jamais dorme.
São exatamente duas e cinquenta da manhã quando entro em casa.


Copirraiti11Jan2013
Véio China

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