segunda-feira, 7 de julho de 2008

Cenas de um casamento

Um domingo desgraçado de quente, sufocante, combinando perfeitamente com a entediante vida que eu levava. Eu andava solto pelas ruas, solto de mim, livre e irresponsável pra fazer o que me desse na telha. Enfim, não era isso o que eu queria? Era. Então, era isso que eu tinha; liberdade. Liberdade que foi conquistada pela minha separação de Tassie, isso há quase sete meses. Porém o imprevisto me pegara pelos fundilhos da cueca; Eu sentia a falta dela. Meu casamento com Tassie era igual ao de tanta gente por aí, algo que se inicia quente, uma imensa labareda e que talvez pela falta de reposição de gravetos acabe por terminar numa ínfima brasa que se apaga com o cuspe. Talvez nós dois fôssemos os culpados por dois anos de muitas brigas, até que o dia do BASTA chegou. Eu queria a liberdade, um passaporte chancelado que me levasse pra onde quisesse, sem imposições de regras, horários, companhias.

E aqui estou com a minha vida de volta e, agora que a tenho não sei por onde começar. Aliás, sabia sim, em parte, e ir ao supermercado comprar papel higiênico e adoçante dietético se tornara quase uma obsessão para mim. No apartamento se viam rolos de papel higiênico por todos os lados e quanto aos adoçantes até no armário-espelho do banheiro podíamos notar dois frascos ao lado do creme de barbear e do Cepacol.
 Ah! Eu era uma grande piada, um farsante desmiolado, um doido recluso na procura daquilo que jamais encontraria pelo simples fato de querer o que não existia; a irrestrita felicidade. E era assim insatisfeito comigo e com a vida que me flagrei naquele domingo de manhã. Ah, sim, na verdade e sem esquecer-me, mesmo estando com a Tassie eu também me sentia assim vez ou outra, mas era diferente, pois nossas desavenças foram num evoluindo, ganhando corpo até terminar com malditas agressões verbais: “Não me torra o saco sua filha da puta!” – Eu explodia. “Filha da puta é a puta que te pariu!” - Geralmente ela respondia. Depois da confusão eu me metia nos meus fones de ouvido e curtia os meus rocks enquanto ela se enfurnava ao telefone para futricar com a sua mãe. 

Por Cristo! Eu só podia estar louco, neurótico, mas estava dando por falta daquilo -
Eu precisava dela, portanto tinha que aprontar alguma que mudasse o curso de nossas vidas, nosso destino. E a primeira coisa a fazer foi entrar numa banca de jornal e sair de lá com um pequeno cartão telefônico. Sim, eu tinha celular, mas me irritava ficar com o braço curvado com aquele maldito aparelho grudado ao ouvido. Celulares além de me irritarem adormeciam o meu braço. Já na posse do cartão me dirijo ao telefone publico mais próximo.

-Alôuuu? – Arrisco.

-Pois não! – Responde a voz do outro lado. Reconheci a voz.

-Dona Mercedes? - Eu não levara sorte.

-Sim Fred! É ela mesma. O que você quer?  – Perguntou seca, ríspida. Dona Mercedes era a mãe de Tassie - Eu não gostava de falar com dona Mercedes -

-Dona Mercedes, por favor, a Tassie está? –

-Você não desiste mesmo, né Fred? – Depois pediu um minuto, de má vontade, claro. Mesmo com a sua voz longe do bocal ainda a ouvi falar pra filha “É o crápula do seu marido” – Ouvi o som de movimentos e oo telefone mudava de mãos. Era Tassie. Sua voz soava contrariada.

-Sim Fred, o que você quer? – .

-Tassie, por favor, preciso de você. Estou mal, muito mal!

-Porra! E eu com isso?  Vá prum Ponto Socorro! Não está livre pra voar com suas andorinhas? – Ruminou ela

-Mas que papo é esse de andorinhas, Tassie? – Procurei me fazer de desentendido. Era assim que ela se referia ás garotas, colegas de serviço na empresa de publicidade que trabalhava. 

-Que merda, vai continuar me enrolando, Fred? – Sua voz era dura, raivosa. Eu precisava agir quebrar aquele clima hostil e de mágoas:

-Tassie, me dá uma chance, por favor. Preciso te ver. Está sendo muito difícil pra mim. – Pedi num tom lamentoso.

-É seu filho dum cão? Bem, pra mim também não tem sido nada fácil. – Admitiu. Era a brecha que eu precisava.

-Então amor, preciso tanto de você. É muito duro não ter você. Quando durmo sinto saudades das nossas brincadeirinhas...

- Ai Fred pára, hihihi! – Eram seus risinhos safados

-Então, Táss! Até emagreci. Uma tristeza! – Menti. Na verdade eu havia engordado uns dois quilos por conta dos malditos hot-dogs do carrinho do Zelão, enfim, uma mentirinha boba e ela não precisava saber.

Daí pra frente nos tornamos dóceis e a conversa fluiu descontraída. Falei das coisas sobre meu serviço, falei do Johnny, o nosso gato, que teimosamente não permiti que levasse para a casa da sua mãe. Afinal, a sua intenção em levá-lo era nada mais que agressão contra mim, ato contraditório, até porque Johnny sempre foi um dos motivos de nossas discussões já que ela nunca gostara dele e muito menos ele dela.
E por falar no Johnny era engraçado observar as suas atitudes a me ver entrando em casa. Tão logo eu surgisse pela porta do apartamento ele vinha para mim e se enroscava nas batatas das minhas pernas êcomo se elas fossem a sua companheira, os motivos de sua paixão. Eu ria daquele angorá de pêlos e cabeça, enorme, olhar preguiçoso e a aparência de algum retardo mental, afinal foi com ele que aprendi que atitudes assim demonstravam a afeição que tinham por nós os humanos. E além do mais a nossa convivência tornáva-me uma ou outra vez complacente com ele, e eu o deixava se esfregar à vontade, mesmo que depois me desse um trabalho enorme para livrar-me dos pêlos que grudavam nas pernas das minhas calças sociais.

E além do mais se há coisa que não sou é ingrato, e seria eternamente reconhecido ao Johnny pela fiel companhia naqueles meses de solidão, apesar de também perceber que ás vezes um instinto ruim se apoderava de mim e eu o tratava indiferente tal qual fazia com a Tassie.  Talvez a forçada reclusão tivesse mudado meu comportamento, pois antes, pacientemente eu ficava acariciando-o enquanto ele comia a sua ração. Agora? Bem, agora, quando eu saio para trabalhar, o máximo que faço é deixar os seus grãos de atum na vasilha, além da água num recipiente apropriado, mais a caixa repleta de areia pro inadiável coco das oito da noite. Mas havia outro agravante; a falta de paciência andava me tornando ranzinza a ponto de interferir na libido do pobre do Johnny, a qual passava a me incomodar. E digo isso porque logo ao separar comprei-lhe um desses sapos de pelúcia pra que tivesse alguma coisa com que brincar. Porém depois da primeira semana o que vi me chocou; o gato assediava sexualmente o pobre brinquedo de espumas, penetrando suas garras nas costas do bichinho enquanto o corpo num frenético movimento de vai-e-vem tentava penetrá-lo - “Johnny, seu gato tarado, solta o sapo!” – Eu gritava. Todavia de pouco adiantava já que o malandro abocanhava o bichinho e lá se iam pra debaixo do sofá.

-Ei, Fred, onde você está agora? – Ela perguntou ao levar meus pensamentos longe das confusões com Johnny.

-Tassie, quer almoçar comigo? – Arrisquei de primeira.

-Almoçar com você? – Ela pergunta surpresa.

-Isso!  Já estou com tudo aqui pra fazer aquela lasanha que você adora. Ah, também a garrafa do vinho italiano está esperando por você. Se topar, estou indo agora pra casa e providenciarei tudo. Você vem?

-Hum... não sei se devo Fred. Não sei...um minuto! – Percebi que ela tapou o bocal do telefone. Fodeu! – pensei - Irá consultar a dona Mercedes – Aí se danou tudo – conclui.

-Ok, Fred! Daqui uma hora e meia estarei aí. Vou me aprontar! Capriche nessa lasanha! – Finalizou num tom intimista. Ainda ouvi ao longe a voz da sua mãe. “É burra mesmo, não aprende!”

Claro que o convite jamais passaria pela aprovação da sua mãe, mas, conhecendo Tassie do jeito que conhecia sempre soube que ela é do contra. Diga pra ela falar “A”, ela responde “B”. Peça pra gostar de algo e ela abomina. Sim, Tassie jamais gostou de ser ver vencida, contrafeita, uma desenfreada necessidade de ter sempre a ultima palavra Bem, como novamente eu menti tinha que correr e ir ao supermercado providenciar todos os ingrediente, inclusive o vinho italiano. Eu ri. Tassie me conhecia o suficiente pra saber que eu estava blefando. Porém, esperta, desta vez me poupou do querer ficar com a última palavra.

Cheguei em casa assobiando "É o amor"  e com duas sacolas cheias, inclusive com o vinho italiano e uma garrafa de vodka. Johnny me olhou desconfiado, pois parecia pressentir que as coisas estavam melhorando para meu lado. Depois de alguns momentos de dúvida se enroscou nas minhas pernas sob o inerte olhar do seu sapo. Eu olhei lá pra baixo e a pressão do seu dorso nas minhas pernas me fez sorrir. Dessa vez eu não o afastei. Com ele ainda enroscado fui pra sala e coloquei um cd do Pink Floyd pra tocar. O alucinante som da banda me fazia viajar. Ah! aqueles filhos duma mãe sabiam me fazer voar como um condor.
Fui pra cozinha e preparei um bloodmary duplo, caprichado no gelo e nas gotas de limão. Depois de uns quatro reforçados goles dei andamento às coisas. Um pouco mais de uma hora e já estava tudo pronto. Eu também estava pronto! Aliás, eu e os três copos de bloodys engolidos. Feliz e meio ébrio fui à sala e preparei a mesa. Lá estava a velha toalha estranhamente bordada, uma toalha engraçada, bizarra até na mistura de flores com figuras de tubarões de dentes pontiagudos. Eu sorri ao contemplá-la; o que poderia haver de comum entre aqueles medonhos tubarões e tão delicadas flores? – Coisas da Tassie - admiti– Mais uma vez eu fora voto vencido ao gostar de uma que não levamos; Uma num azul céu com pequenas imagens do Capitão América, meu ídolo de infância.
No horário previsto Tassie toca a campainha e eu procurei não deixá-la perceber a minha ansiedade.

-Tassie! Que bom que veio! – Exclamei docemente.

-É Fred! E quase que não vinha mesmo. Minha mãe tentou me convencer por A e mais B que seria melhor não estar aqui com você. Mas você sabe como sou, não é?

-Ô se eu sei! – Porra, e como eu sabia!

Ela percorreu todo o apartamento, como se procurasse vestígios de alguma coisa, talvez á procura de cabelos loiros e compridos, não sei bem. Foi á área de serviço onde percebeu vasos secos e sem água, e as flores ressecadas em seus interiores; Não! Eu não tinha paciência para vasos e flores.
Johnny, pego de surpresa abandonou o seu sapo e inexplicavelmente se enroscou nas pernas dela:

-Saiiiiiiii Johnny! –  Sorri. Tudo continuava normal

A lasanha cozia há 240 graus e exalava um odor delicioso. Ela adorava a minha lasanha e eu, nem tanto. O que eu gostava mesmo era o “após lasanha”. Mesa posta voltei à cozinha e depois fui para a sala com  a forma refratária e a coloquei em cima do protetor de mesa diante os temíveis dentes dos tubarões. Foi estanho ela me ver com uma imensa luva térmica numa das mãos equilibrando a lasanha que quase foi ao chão por causa do Johnny e das suas enroscadas em minhas pernas –

-Saiiiiiiii Johnny! – Novamente sorri.

Tudo disposto corretamente fui gentil com ela ao puxar a cadeira para que sentasse.  Ah, ela estava deliciosa numa saia de pano leve e colorido e com quatro dedos acima dos joelhos, jeito que eu gostava. Mais acima vestia uma vaporosa blusa branca que expunha o farto volume dos seus deliciosos seios.
Sim, eu não lhe disse, mas Tassie estava muito atraente, o que também não era novidade, pois eu amava o seu corpo, mas não suas manias e esquisitices.
Almoçamos entre sorrisos e delicadezas quando ela me confidenciou num sussurro maroto que estava tudo muito bom. Durante o almoço havíamos esvaziado a garrafa do vinho italiano e ela, comumente não resistia à bebida. Terminado, não mexemos na mesa e fomos pro sofá. Olhando em alguns títulos dos meus DVDs perguntei-lhe se queria assistir um que comprara; “Marcas de um destino insólito”. Ela disse que sim, gostara do título. Então o coloquei.
 O filme era extremadamente romântico e nós, suscetíveis ao drama fomos se achegando ao outro. Eu já sentia o seu perfume de mulher quando surpreendentemente ela se joga para cima de mim, e eu a beijo selvagem como um leão.

Eu podia ouvir os seus sussurros, sentir a umidade da sua língua lambuzando o meu rosto, seus dentes mordiscando-me o pescoço. Eu estava ereto e excitado e então a beijei voluptuoso e enfiei minha língua na sua boca e fui descendo, gemendo e abrindo os botões da blusa branca. Johnny e o sapo nos olhavam, mas parecia não se importarem, afinal o sapo era apenas espumas e dois olhos de vidro, enquanto o meu gato já se habituara às cenas -.. E ali com a boca próxima aos seios foi que me deparei com sua excitante lingerie; um sutiã branco finamente bordado e semitransparente.  Meus dedos ainda tremiam quando ouviram o barulho do fecho se abrindo, um grito de liberdade para os estupendos seios de Tassie. E então eles surgiram e eu os toquei com as mãos, depois com a boca, e ela gemeu. E a cada sugada que dava ela sussurrava coisas excitantes em meus ouvidos e dizia que não conseguia ficar sem mim. Estávamos totalmente entregues um ao outro e retribui dizendo que a amava, que ela era o meu único amor, a única mulher por quem sentia desejo, excitação. Ela sorria satisfeita ao me ouvir falar. Tassie gostava daquilo.

Agarrados, dependurados um no outro fomos para o nosso quarto e todos pareceram estar satisfeitos, inclusive Marx, logo à entrada do aposento, na parede da esquerda, num pôster, e que apesar de sisudo parecia sorrir para mim num tipo de “vai lá garoto que essa é sua!” - Repentinamente Johnny, apesar de acostumado com o fato foi o único que pareceu insatisfeito ao nos olhar com pouco caso e ir à procura da sua ração – Era estranho, ele me parecia enciumado dessa vez.
O momento se revestiu da velha magia de sempre e fizemos amor como nunca; alucinado possui Tassie de todas as formas possíveis, e ela adorava ser possuída daquela forma animalesca. Gozamos duas vezes e exaustos nos acariciamos: ela lambendo o meu peito, e eu mordiscando uma de suas orelhas. Eu amava o seu carinho e aquela forma única de me tocar. Depois nos ajeitamos nos travesseiros e ficamos parados lá, quietos, calados por uns 20 minutos sem nos falar, só nos acariciando, quando:

- Caracas! – Exclamei ao olhar no relógio do pulso. - Putz, já são três da tarde?- Exclamei desanimado.

-Não sei Fred, deve ser. Por que amor?

-Merda! O meu time, amor! – Gemi num lamento.

-Sim, mas o que tem o “seu time” querido?- Questionou curiosa

-O meu time amorzinho? Hoje tem jogo do meu time. É a decisão do primeiro turno– Confirmei apressado e já procurando as roupas para vestir.

-Mas, Fred, não me diga que vai fazer isso? Não me diga que vai sair daqui para ver uma partida de futebol – Questionou um tanto confusa.

-É! É o meu time Tassie! – Exclamei como se isso pudesse justificar alguma coisa enquanto procurava a camiseta da torcida uniformizada e um par de tênis.

-Eu não acredito nisso! Está me deixando aqui para assistir a porra de um jogo de futebol? Prefere isso a estar comigo? Justamente hoje? Francamente, Fred!

-Não! Mas, mas, mas! – A sua reação me deixou sem ação.

-Mas, mas, mas é a puta que pariu, Fred! - Esbravejou ao começar a recolocar seus lingeries.

Eu, ali parado diante da porta do guarda-roupa a olhava perplexo, assustado. Calcinha e sutiã colocados. Após foi z vez da blusinha vaporosa e da saia quatro dedos acima dos joelhos.
Sabem-se lá os motivos, mas repentinamente Johnny surgiu no quarto. Evidente, ela não podia notar, mas eu podia ver nele um sorriso sarcástico estampado no rosto – Aliás, a cena não se traduzia nenhuma novidade para ele e nem para ninguém. Olhei para o Marx e ele estava com aquela cara de sempre, sisudo, mal humorado, sem qualquer incentivo oculto dessa vez. Por Deus! Como Tássie conseguia ser tão incompreensível? - Ruminei comigo mesmo

Totalmente vestida e rebolando ela se dirigiu para o banheiro e escovou rapidamente os cabelos. Eu não conseguia me mover. Na volta ela esbarrava em móveis, e a vi derrubar cadeiras, bibelôs e os meus livros que estavam sob a mesinha da sala. Ela transbordava ódios e rispidez. Voltou para o quarto, pegou a sua bolsa e foi em direção da porta de saída.  Ainda de cueca samba-canção tentei segui-la, evitar que ela se fosse, mas algo se enroscou em minhas pernas fazendo-me perder o equilíbrio e cair – Olhei para Johnny e o miserável parecia sorrir com desdém. Eu a continuei seguindo, tentando falar alguma coisa, mas qualquer coisa que dissesse pioraria a situação ainda mais. E foi assim que eu a vi abrir a porta e me fulminar com seu decifrável olhar de desprezo e ira.
E antes que ela batesse a porta na minha cara, eu fitei os seus olhos semicerrados e ouvi o esturro da onça contrariada;

-Minha mãe tinha razão, Fred! Você é o maior dos safados! – Um...um...um imprestável!

Atrás da porta eu escutava seus passos se dirigindo para o elevador. Eu estava perplexo, petrificado, Johnny nem tanto. Atirei com ódio o par de tênis nas paredes da sala. Johnny saiu em disparada e se colocou debaixo do sofá, ele e o amigo sapo; pela primeira vez ele se assustava naquele domingo. Não havia time, decisão de campeonato, e nem mais jogo algum – Eu perdera a vontade de ir ao estádio.
Assim que as coisas se acalmaram Johnny, ainda apreensivo apontou a cabeça pra fora do sofá.  Eu olhava desolado para ele; Era ridícula a cena do felino paspalho carregando um brinquedo de pelúcia na boca. E outra! Por mais que ele tentasse disfarçar eu conhecia a ironia daquele seu olhar, era como se me dissesse; “Tem mais é que se ferrar, chefe!”.

Depois disfarçou, soltou o brinquedo e começou a lamber a barriga do sapo para depois enfiar as unhas nas costas do coitado. Eu apenas olhava, mas não estava com a menor vontade de xingá-lo ou reprimir a sua libido. – “Que se dane você, Johnny!” Foi o que apenas  murmurei. Talvez o gato estivesse completamente certo sobre a minha pessoa. Talvez eu fosse o maior dos babacas, concluí ao entrar no chuveiro e abrir a ducha para esfriar a cabeça. Após, peguei a toalha e me sequei e a amarrei na cintura e fui à direção da cozinha para tomar um bom copo de água gelada. Johnny e sua cabeça para fora me viram passar e dessa vez ele percebeu que não seria um bom momento de sair daonde estava para vir se enroscar nas minhas pernas – Johnny era um gato com estranhas percepções - Eu apenas o vi sair debaixo do sofá com o companheiro à boca e se espreguiçar e estirar as patas e dirigir-se ao sofá. Lá, ainda me olhando desconfiadamente ele se espreguiçou solenemente, recostou a sua cabeça no dorso do sapo que, complacente o viu  adormecee e ronronar como nunca

Era uma tarde de domingo igual a tantas outras daqueles últimos sete meses. Uma triste e ensolarada e escaldante tarde de domingo, gasta pra nada, jogada fora por nada, á espera duma segunda feira que me mataria mais um pouco.

Copirraiti 2008
Véio China ©





3 comentários:

Anônimo disse...

Oi

Gostei muito...rs. por que será que as mães sempre estão com a razão?

beijos.

Déa

Wescley Pinheiro disse...

Muito bom, Véio! Tomara ao menos que o time tenha sido campeão, hehehe

Bia Cunha disse...

Véin..

"-Porraaaaa, Fred!" BURRO...

A Tessie odiava o gato à este abestado...
Devia se chamar: "O gato, o sapo e o jumento numa tarde de domindo" ...kkkk

...Beijos