terça-feira, 3 de novembro de 2009

O diabo na terra do talvez


Eu podia estourar os miolos daquele filha da puta a qualquer momento.
Eu poderia me enfiar um tiro na cabeça, após, afinal, que serventia eu teria depois disso? Esparramar mais e mais miolos, é isso?
Talvez o medo não fosse o de atirar, e sim me acostumar com o lúgubre suor dos dedos. À partir daí, certamente eu daria de admirar-me no espelho e veneraria minha feição transtornada e insensível.

Talvez acertar o sujeito me trouxesse algum divertimento ou um pouco de paz: o projétil penetrando no centro da fronte, um estampido seco e rápido como bomba de São João, a sua feição incrédula, e o corpo sendo derramado para trás, num claro desafio às leis da física. Daí em diante era mais que certo que o temor pela minha 45 seria tão contundente quanto aos postores das igrejas evangélicas.

E Deus, nauseando-se em tanto sangue banhado nos poros de terra batida ou em imperfeições de concreto, talvez me interrogasse. Corte formamada, seria ,ais que provável que o diabo risse e tomasse uma cerveja em minha homenagem e diante do meu desgaste. Talvez Deus ficasse tão iroso com minha pessoas que nao mais permitiria que meus anjos voassem e que o terço fosse rezado com a mesma devoção de antes.

Tudo isso era apenas um "talvez", coisas que não dependiam da minha vontade, e sim da minha coragem. Eu detonaria em o gatilho pela primeira vez?

A resposta nao tardou: Minha alma pranteou quando meus dedos choraram -

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