-Vô! A gente ta apaixonado quando o coração da gente bate muito rápido? – Pergunta o garoto.
-Também, Lauro Roberto. Também! – Responde laconicamente o seu Jurandir.
A avô, observador, já flagrara a excitação do neto ao flagrar a vizinha do andar de baixo bronzeando-se ao sol. Graças à ampla área de serviço restrita unicamente aos apartamentos de primeiro andar, a moradora mantinha o hábito de se refrescava numa dessas piscinas de plástico, vestida a bordo dos costumeiros e ínfimos biquínis de tonalidade clara. Ele mesmo havia passado maus bocados ao ver aquela garota de 23 ou 24 anos com o rabo empinado dourando ao sol. Portanto eram questionamentos inerentes à liberdade que mantinha com o neto. Todavia sabia dos perigos que essas conversas esondiam, ainda mais com um garoto que nem completara os seus 13 anos.
-Mas...Como assim ... “também”, vô? – Insistiu o garoto.
-Óras! É que também pode ser alguma taquicardia, oportuna. Antes que me pergunte o que é, repondo; é o excesso de batimentos do coração. Não explicam isso na escola, menino? - O velho tentava distraí-lo, levá-lo pra longe daquela conversa.
-Vô! Isso não tem nada a ver com a minha escola e nem com que me ensinam! - Após a réplica uma curta pausa para em seguida voltar à carga - Vô! E se a gente além de sentir o coração batendo forte, ainda se sente muito feliz ao estar perto de alguma coisa. Isso não está me dizendo que posso estar apaixonado por aquilo?
-Nem sempre, Lauro Roberto! Da última vez que vi meu time ser campeão me deu uma batedeira danada e fiquei numa felicidade só! E nem por isso estava apaixonado! - Ele sabia que subjugava a Inteligência do neto; privilegiadíssima diga-se por sinal.
-Ô vô! Assim não da pra gente manter uma conversa de gente grande, pôxa! Eu até até te perguntar uma coisa que não tenho nem mesmo acoragem de perguntar pro meu pai -
Respondeu num tom de quem dava muita importância a pessoa que estava em sua frente. Se havia coisa que aquele fedelho sabia fazer era uma boa chantagem emocional. E o moleque, se apercebido que deixara o avô sem reação apontou o gatilho e mandou ver:
-Vô! Eu queria saber se quando fico todo “coisado” ao ver a Cleide do 14 se queimando ao sol... isso não pode significar que eu esteja amando ela ?
Era esse o assunto que o velho tentava evitar. Primeiro, Lauro Roberto não tinha idade e nem discernimento para discutir coisas das questões adultas. Segundo, porque não era só ao neto que a vizinha dos biquínis excitava, Ele mesmo sempre estava de olho nas movimentações vindas do andar abaixo.
Contudo, pelo sim e pelo não ele tinha que escapulir daquela conversa.
E assim, num jogo de estratégias o Sr. Jurandir permaneceu pensativo por alguns momentos; “Já imaginou se minha filha me pega nessas conversas com o seu “Lari”? - Perguntou-se com alguma culpa no cartório - "Aí é que tô fuzilado!” – Concluiu incomodado.
" Mas...tem que ser agora!" - Decidiu-se ao voltar o olhar pro garoto.
-Então... "coisado". É assim que você fica ao ver a Cleide, heim Lari? - Perguntou-lhe meio constrangido, quase estagnando sua voz no "coisado"
-É vô! É assim que eu fico; coisado, principalmente na hora da piscina! Por isso que eu falo; é paixão, é paixão, eu sei que é paixão! - O garoto Insistia
Arre égua! Como lidar com aquele garoto? Contudo a experiência tentou mostra-lhe uma saída.
-Que paixão que nada, Lauro Roberto! Tire isso dessa cabecinha de cabelos amarelados ! - O velho exclamou refutando a conclusão do garoto.
-Bom..então se num é paixão, que raio que é, vô? - Ele jamais poderia entender tanta teimosia daquele velho. Evidente! aquilo era amor. Só seu avô para não querer perceber.
O Sr. Jurandir levantou-se do sofá e de onde estava olhou profundamente para o guri; Ele achava lindos aqueles olhos azuis do neto - Em seguida pigarreou, ajeitou os ombros, deu alguns passos na direção dele e ao passar por ele deixou a resposta namorando o ar:
-Lauro Roberto, querido! Isso não tem nada a ver com paixão e nem com o amor! Isso é somente a tua vontade de fazer xixi...capito, capito?
Foi com certa perplexidade que Lauri viu o velho atravessar o corredor e seguir na direção do quarto.
O Sr. Jurandir fez até que não ouviu uma pequena frase de revolta deixada atrás de si: "Gente velha é foda, viu!” O garoto resmungara baixinho.
Ao entrar no seu quarto o velho foi acometido por uma explosão de gargalhadas, mudas como o bom senso mandava ser; Não seria bom dar bandeira numa hora daquelas.
As contrações doloriam-lhe o estômago enquanto a mão enrugada selada na boca evitava que o riso fosse ouvido. Mais um pouco e já acalmado dos espasmos e ali sentado em sua cadeira de balanço o velho cedeu ao relembrar Cleide, o sol e as tonalidades dos seus libidinosos biquinis. No ir e vir do móvel, pra ele uma única certeza; Os problemas dele e do neto com a exibicionista do 14 estavam longe de terminar, aliás, mal começavam.
Copirraiti 2010Dez
Véio China©
Um comentário:
vEIO DU KARAI... que conto maneiro...verdadeiro....cotidiano...
E que muleke pentelho hehehehehe
vo ficá di olho ni tu!!!!!!
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