sábado, 2 de julho de 2011

Palhaço!

E o mundo gargalha diante aos olhos do palhaço; Ele não é engraçado, sabe que não.
Insiste, mas não consegue compreender o motivo de acharem tanta graça em seu jeito.
Talvez seja o olho maior que o outro ou a tinta esbranquiçada que tinge seu rosto ou mesmo o nariz avermelhado e arredondado do tamanho de uma bola de golfe.

Ele jamais pensou ou quis ser palhaço. Relembra a infância e o circo na cidade.
Um olhar encantado nas lonas coloridas e no leão peludo que parecia tão bravio
Vou ser domador – Exclamou divertido - Haveria de ser herói, igualmente, e ter as feras ao seu comando. E aquele leão que aguardasse! Haveria de ter o seu respeito e o medo era apenas passageiro O peludo haveria de sentir a autoridade de sua voz e os estalidos do chicote. Ah se haveria!

O tempo passou e não houve o leão e nem qualquer outra fera
Não houve quem obedecesse a tom de sua voz ou os estalidos da chibata que acoitava o ar.
Persistiu sim aquele encanto que jamais o abandonou, mesmo que socado a se ver fantasiado em roupas largas e super coloridas. Ele mesmo achava divertido aquele nariz enorme e vermelho, mas que não era o seu


Todo palhaço é solitário, sabiam?
E pra ele jamais houve companhia que não fosse o riso
Palhaço, palhaço! – Ele adorava quando gritavam, incentivavam
Ria palhaço! Pediam. E ele ria e ria e até acreditar que era o mais verdadeiro dos palhaços.
Palhaço não precisa de amor. Palhaço necessita do riso e de olhos de criança... Convencia-se

E agora, depois de tantos anos passados ele persiste palhaço.
Um palhaço de gestos lentos e rosto enrugado
Apenas um palhaço que ri, ri e continua a rir tanto
Até seu riso explodir num pranto de dor
Que ninguém sabe, imaginam ser apenas risadas
As risadas que ele sente da própria dor

Que palhaço eu fui? Escarnece de si. Para isso jamais houve resposta
E então ele continua rindo, rindo e rindo. É unicamente o que ele sabe fazer
Não mais incomodam as lágrimas que se fundem aos poros e borram o rosto até desabarem e fenecerem na boca imensa e azul
Ele é apenas um palhaço! É a única certeza que tem
Um palhaço a rir da compaixão que tem por si.


Copirraiti 02Jul2011
Véio China©

2 comentários:

Anônimo disse...

Lendo seu texto passei a refletir...Quanto vc confirma que o palhaço tem certezas...Sabe...atualmente cada um traz consigo uma metade "palhaço", tentar iludir-se com aqueles que o aplaude, sem dar-se conta do motivos porque estes sorriem...Será que de fato há algo engraçado nos rostos dos palhaços "urbanos"? Ou a tristeza pede refúgio entre sorrisos amarelados que tentam persuadir aqueles que o rodeiam? É... minha mãe ouvia uma canção que dizia: "Que coisa incrível o meu coração, Todo pintado nessa solidão, Espera a hora de sonhar" Ao ler seu texto recordei a música, e esse trecho acima, e me pergunto agora: Tingimos com cores por verdes fortes os nossos traços tristes que como no inferno vermelho Russo representava não apenas o medo de muitos mais a esperança de alguns....quem sabem precisamos de atuais palhaços com a esperança capaz de faze-los sonhar. Gostei do Texto.

Véïö Chïñä‡ disse...

ô meu doce....que percepção mais bonita a tua.

Te agradeço a leitura e o comentário.

Valeus mesmo!